terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Ficção ou vida real?


Fico reflexiva, para não dizer perplexa, com cenas que aparecem todos os dias na tela da televisão, como as que tenho acompanhado na novela Caminho das Índias.
Contextos que me remetem a um questionamento recorrente: estaria a televisão influenciando comportamentos ou as novelas é que reproduzem padrões da vida real?
Refiro-me, neste momento, a respeito de um jovem garoto que, em um dos núcleos da novela, está sempre envolvido com atos de vandalismo e violência e que é acobertado, para não dizer apoiado, pelo sistema familiar em que vive.
Preocupa-me pensar que este vínculo simbiótico apresentado pela dramaturgia, esteja retratando um funcionamento familiar que tem se repetido em nossa sociedade.
Em um capítulo recente, a mãe do adolescente fora chamada ao colégio, pois o filho havia agredido uma professora. A mãe não deu ouvidos às reclamações, buscou reverter a situação e chegou a falar para o esposo que o filho é que havia sido agredido pela “tal professorinha”, por tê-lo acusado de cínico, ao negar seus atos. Dentre mais mentiras e super-proteção que foram apresentadas nas cenas seguintes, o que veio confirmar a triste realidade foi a fala do pai, reproduzida a seguir:
“- Pagamos a escola para educar nossos filhos e qualquer problema eles nos chamam para resolver. Isso que é ganhar dinheiro fácil.”
Desta forma, sugiro que todos nós (pais, mães, educadores) passemos a analisar a respeito da educação que temos oferecido às nossas crianças e jovens. Como estamos preparando-os para o futuro e que futuro é este que esperamos que eles construam?
Quais são os valores morais, costumes, princípios que estamos conseguindo transmitir?
Até que ponto não temos repassado a responsabilidade de educar para as creches e escolas?
E essas, por sua vez, se vêem de mãos atadas diante da impossibilidade de contar com a família na tarefa de formação de um cidadão.
Que possamos avaliar nossas posturas, rever nossas prioridades em família e conseguir friamente definir se temos sido uma família presente ou se na ausência estamos somente preocupados com presentes materiais, deixando a afetividade e o papel de pais educadores para terceiros.
“Educar implica, antes de tudo, apresentar o mundo habitado por outros que também têm desejos; apontar caminhos para que a própria criança possa desenvolver seu senso crítico, podendo avaliar a sua realidade com base em valores morais sólidos e não no senso comum.” Isabel Parolin