Entre coisas que escuto e outras tantas que leio, persegue-me a dúvida:
“- O que temos feito de nossas famílias?”
Os noticiários, as histórias contadas por crianças nas escolas, estão permeadas de fatos da vida real, que mais parecem dramas, horrores que nos saltam das telas da ficção.
Fica difícil acreditar: pais que atiram filhos pela janela de prédios, filhos que vendem as coisas de casa para consumir drogas, babás que agridem crianças, namorados que matam namoradas, entre tantas outras atrocidades.
Preferia estar no cinema, mas o enredo que se compõe em minha frente é da realidade, uma filha adolescente afrontando seu pai, em voz alta, com o dedo indicador agressivamente apontado para sua face. E o pai, “indefeso” diante da situação, abaixa a cabeça. O que passará nesse momento por sua mente?
Nós, pais e educadores, temos sido demasiadamente permissivos com nossas crianças. Deixamos de corrigir, de chamar atenção, por medo de não sermos amados.
O tempo com os filhos é tão curto que acabamos permitindo que eles nos desrespeitem, nos agridam verbalmente (quando não fisicamente) e muitas vezes com a desculpa de que educação é papel da escola, da babá ou até dos avós, enfim, daquele que faz o papel de cuidador a maior parte do tempo.
Como ouvi certa vez: “estamos terceirizando a criação de nossos filhos”, passando literalmente a “batata quente” para a mão daquele que estiver mais próximo.
Por sua vez, a escola se vê impassível diante da impossibilidade de reprovar ou chamar atenção dos alunos de forma mais dura.
Não quero dizer que deveriam voltar os tempos da palmatória, mas sim do respeito pelos mais velhos, experientes, etc.
Quando somos permissivos, deixamos de transmitir valores, conceitos morais e éticos, tão necessários para a vida em sociedade e para a formação de adultos conscientes de seus direitos e deveres, que saibam lutar por seus ideais, mas que respeitem o espaço do próximo.
É disso que sinto falta, de um lar acolhedor, sem menores abandonados dentro da própria casa, sem estranhos conhecidos trocando vagos olhares e meras palavras.
A construção do saber de nossas crianças deve ter como base aspectos vivenciais para que elas saibam como se sentir e fazer parte de nossa sociedade, para que tenham segurança para sonhar e forças para realizar, para que entendam seu real papel no mundo.
Criando com amor e com limites, como carinho e pulso firme, com apoio e autonomia. Conceitos tão antagônicos, mas que se completam na formação do caráter do indivíduo.
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